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  • Foto do escritorSimony Ramos Oliveira

Ser negra morando no exterior!






Você deve já ter percebido pela minha foto neste site que sou negra, fruto de um homem negro com uma mulher de descendência indígena, com muito orgulho.

Moro há mais de 3 anos na Holanda, país com pessoas de diferentes nacionalidades ( mais de 120), e posso te afirmar que não percebo preconceito pela minha cor, às vezes percebo por ser imigrante. Mas é algo muito sutil e não tão frequente. Esta é minha experiência!

Sei de histórias de mulheres brasileiras que sofreram racismo por parte da família do cônjuge europeu ou no ambiente de trabalho. Existem leis que combatem este tipo de crime e toda vítima deve procurar assistência jurídica, mental e social.

Voltando a minha experiência, mesmo não tendo passado por situações de racismo no exterior, muitas vezes me pego olhando ao redor de um grupo de pessoas, e vejo que, a maior parte das vezes, sou a única negra. Essa atitude de observar essa situação, não é por acaso, visto que como brasileira, sei o quanto o racismo e preconceitos nos atingem e nos marcam profundamente. Não é por acaso que "perco"o meu tempo observando as cores das pessoas ao meu redor. Sei que é um mecanismo de proteção inconsciente que tem como função de evitar "possíveis ataques" (você pode se afastar das pessoas de cor de pele mais clara e se aproximar de pessoas de cor de pele mais próxima da sua).


Uma outra atitude que se tornou automática foi a de monitorar se o que é falado perto de mim há um quê de preconceito. Estes dois posicionamentos de observar a "cor" de pele das pessoas e se estas estão falando algo racista, acabei trazendo comigo quando passei a morar na Inglaterra, minha primeira imigração. Além disso, também fiquei mais desconfiada ! Um exemplo: me vi um dia, desconfiada com a máquina de self-service de um supermercado, achando que o controle de produtos, tivesse a ver com a minha situação de imigrante, e por que não dizer de ser negra!?. O que foi logo desmetida quando meu marido que é holandês também passou pelo controle em outro dia no mesmo supermercado.

O racismo e os preconceitos existem no exterior, mas não posso deixar de afirmar que também trazemos dentro de nós as marcas, lembranças traumáticas de situações que aconteceram conoscos ou com nossos queridos no nosso país de origem. Estas memórias acabam dificultando a nossa análise neutra sobre a situação que estamos passando atualmente. Visto que nosso sistema inconsciente de proteção acostumado a antecipar um problema e automaticamente dar uma solução, pode interpretar erroneamente uma situação como racista ou preconceituosa.

Por isso, sempre que vem uma desconfiança sobre uma situação em que poderia etiquetar como racismo/preconceito, eu busco avaliar de forma neutra, se aquilo que me acontece, poderia acontecer com outra pessoa que não fosse negra.

Se realmente é um racismo/preconceito busco resolver a situação com quem estou me relacionando, pois o letramento de equidade racial não é algo que todos tiveram acesso. Caso percebo que realmente a pessoa em questão não tem interesse nenhum em mudar e não reconhece seu erro, então busco o caminho judicial.

Ao atender também mulheres negras no exterior, busco ajudá-las a analisar as situações incômodas sem ir diretamente para o crivo do racismo ou preconceitos. Muitas vezes são questões de baixa autoestima que levam a estas mulheres a rapidamente interpretarem uma situação como racismo, e dentro das sessões trabalho isso com um olhar de empatia e acolhimento.

Caso seja realmente racismo/preconceito, eu forneço a elas instrumentos para se posicionar, sem se traumatizar novamente. Qualquer tipo de racismo e preconceito devem ser combatidos.

Se você que acabou de ler este artigo, percebeu que não se sente segura em se posicionar contra o racismo e que não consegue se sentir leve ao redor de pessoas de outras raças, você precisa de ajuda, envie sua mensagem.


A vida pode ser mais leve e segura!

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